terça-feira, fevereiro 27

The Rakes
Ten New Messages
Lançamento: 19 de Março



Pra onde foi o pós-punk?

Em 1980, Ian Curtis se suicida e o Joy Division não ressuscita como New Order, mais tarde. Eis um fato apenas emblemático, aqui. O pós-punk nos anos seguintes principalmente, mas claro que durante o restante da década de 80, dilui-se. Novos estilos e movimentos surgem. Ok!

Viajando no tempo e chegando na Inglaterra de 2002, temos cinco jovens magrelos “skinny as rakes” formando um grupo que, pouco mais tarde, será taxado a título de informação como pós-punk. As perguntas são. Será um fato relevante mesmo ou apenas a incapacidade de críticos falarem com isenção de bandas novas? Não importa.

Pois, se tu algum dia achou que Alan Donohoe em algumas performances parecia Ian Curtis, não apenas pelo jeito, também pelo físico e expressão nos olhos... Se tu sempre achou que, pela sonoridade, desconsiderando o contexto histórico, The Rakes tinham uma música simples porque direta, sóbria porque focada e incisiva porque sincera... E se tu achou, em algum momento e sem compromisso, que se o pós-punk viesse pra década 00 do novo século daria num Rakes da vida... Então, acredito que agora tu tem tua confirmação, Denis.

Estou brincando, não é pra tanto. Só algo que me ocorreu ouvindo o novo álbum. Nada tão sério, calma. O que é dito, acima, serve mais a título de ilustração. E também um convite à audição do novo álbum deles, intitulado Ten New Messages.



No Outuno de 2006, eles se juntaram. Aos integrantes, também Jim Abiss (que já produzira Arctic Monkeys, Editors, Kasabian) e Brendan Lynch (Primal Scream). Gravaram o álbum na Mayfair Studios, The Chapel e West Point. Nada mal. O lançamento oficial será dia 19 de Março. Mas, claro, antes desta ata eles concederam, especialmente pra INMWT, o álbum completinho pra download e audição de apenas 48 horas, no link ali mais abaixo.

E o que você achou, Denis?

O próprio Donohoe reconhece a maturidade do trabalho. Sim, achei como ele que está mais maduro. "It's a bit more focused than the last album. It has the same sort of lyrics but its more character driven.” E, logo de primeira, tu já sente isso. Na primeira vez que tu ouve, de maneira superficial pensa que “está mais lento, denso e controlado”. Depois, acredito, perceberá que se trata de maior consistência e uma maturidade bem-vinda. E, isso, em nenhum momento desprezando o trabalho anterior, pelo contrário, a unidade dos Rakes é explícita nesse segundo álbum. A questão é que há menos diversidade conduzida de maneira aleatória e pretensão dirigida por insegurança ou expectativa, com relação a mostrar talento. Entende isso? Aqui eles não se alugam, nem parecem temer serem mais comedidos. Acreditam em bons ouvintes e aprendem com o equívoco do Bloc Party, que trouxeram a pretensão à frente da maturidade. (Foi mal isso. Eu gosto muito do Bloc Party e do trabalho deles, mas em 2007 eles se alugaram, não foi?).

Quem se relacionou com esse novo trabalho, a partir do singleWe Danced together”, sentiu os ares de “Open Book”, do Capture/Release (2005), diz aí. E as semelhanças e os chamados “ares” estão por todo o álbum. Talvez, tu não encontre respaldo pra essa afirmação quando procurar por uma “Strasbourg”, pois o mais perto de algo um tanto sujo e excitante tu encontra em “Time to Stop Talking” e, ainda assim, quase nada em comum com aquela (em off: a bateria dessa música, naquele batimento acelerado durante quase ela toda, me lembra é “Tendency”, do Battle. Vai dizer, é igual). Também não encontrará respaldo quando ouvir um vocal feminino e um rapper em “Suspicious Eyes”, os quais servem mais à causa da música, do que são uma pequena cartada musical.

Pra quem gostou do primeiro, pelos motivos certos, se dará muito bem com este novo trabalho. E os que respeitam essa, uma das melhores bandas que surgiu nessa década, em Londres, continuarão a admirando. Pra outros, menos racionais e que se deixam levar mais facilmente, as faixas “Little Superstitions” e “We Danced Together” ficarão no repeat por algum tempo.

É muito cedo pra criticar o álbum, pra bem ou pra mal, por isso tudo aqui é baseado numa primeira boa impressão. Eu confesso que, pertencendo à categoria dos que deixam aquelas faixas, ali citadas, no repeat, só tenho a tornar explícita minha admiração e satisfação por esse segundo trabalho.

O álbum é lindo, começa bem e termina no mesmo tom, te deixando por final em fade out. A sensação geral, ouvindo os dois álbuns em seqüência, é traduzida no título da última faixa de Ten New Messages: “Leave The City and Come Home”.

E eis o caminho que tomou o pós-punk.


Vídeo – “We Danced Together



Download’s

The Rakes – Tem New Messages (Mar/07)

The Rakes We danced together (live)


Links


Fontes

NME: http://www.nme.com/news/the-rakes/25462
Fuel TV: http://www.fuel.tv/?p=MND&id=142
HMV: http://www.hmv.co.uk/hmvweb/displayProductDetails.do?ctx=-1;1;58;-1&sku=604799
Blog Sound Bites: http://soundbites.typepad.com/soundbites/2007/02/ten_new_message.html
Blog Obscure Sound:
http://obscuresound.com/?p=762#comment-18989