"Nos anos 90, o cenário musical do Brasil era desolador e estava completamente dominado por artistas de Axé, Pagode e Sertanejo. O Rock brasileiro ainda vivia do eco do sucesso dos artistas da geração 80. Dois garotos, Gustavo Riviera e Arthur Franquini, que cresceram ouvindo MC5, STOOGES, Ramones e Johnny Thunders estavam completamente entediados com isso quando resolveram montar uma banda e criar uma musica que refletisse o tipo de som que gostavam. Após um pequeno período conseguem um estúdio e gravam duas musicas numa fita demo que deram o nome de ‘… cos revenge is sweet’ . Nessa fita, ouvida por poucos e dedicada aos Dead Boy Stiv Bators e Johnny Thunders , colocaram uma foto 3x4 de cada um na capa e se chamaram ‘ Forgotten Boys’. O ano, 1997."
Da primeira fita demo até hoje já se passaram 10 anos e 10 álbuns [entre coletâneas, splits, relançamentos e 3 álbuns próprios], e a dupla de garotos entediados e com seu K7 ouvido por poucos deu lugar a banda de rock responsável pelo melhor cd de rock nacional dos últimos anos: “Stand by the D.A.N.C.E”, lançado em setembro de 2005.
E esse resultado não veio do nada. É claramente a evolução da proposta dos dois garotos da história lá de cima, só que agora com maior qualidade, e em todos os aspectos, desde a produção, a cargo do gabaritado Daniel Ganjaman e bancada por uma gravadora maior, até aos próprios integrantes, que estão melhores como músicos.
A natureza do som também se manteve fiel ao que a banda chama de rock honesto e “verdadeiro”, que segundo eles está longe do culto ao derrotismo dos emos de agora e muito mais próximo ao rock de quase 40 anos atrás, dos garageiros dos Stooges e MC5 aos figurões como Rolling Stones (a faixa ”Just Done” passa facilmente por uma música de Mick Jagger e companhia).
Mas a surpresa realmente fica pela produção, o álbum soa coeso, bem gravado e bem tocado, com qualidade técnica, e nem por isso com menos energia ou barulho. Boa parte da responsabilidade por isso está nas costas de Ganjaman: "Quem sempre acabava produzindo nossos discos, no final das contas, éramos nós mesmos. Muita coisa que aparece nos discos anteriores é terrível, mambembe", lembra o guitarrista Chuck, para depois afirmar que a importância do produtor foi “muita, nos arranjos, na concepção do disco, na produção, em tudo. Faz o disco soar como 'um disco'. Mas foi a primeira vez em que ele esteve completamente dedicado a gente, ganhou para isso e foi um trabalho muito profissional e legal. Esperamos trabalhar mais com ele no futuro."
Outra boa surpresa são as primeiras composições em português [Não vou ficar, 5 Mentiras e Bla Bla Bla], sugestão da gravadora: “nós já estávamos em outra fase e topamos, foi um trabalho difícil, pois não estamos acostumados. É difícil escrever em português, até porque não somos grandes letristas. Nossa virtude sempre foi a energia mesmo. A língua portuguesa é riquíssima, e tem uma forma 'tônica' que favorece outros ritmos. Por isso o rock and roll clássico em português aqui soa 'bobo'. O resultado divide opiniões, o que de certa forma é muito bom. “
Com a saída de Arthur Franquini em 2002, o Forgotten Boys conta atualmente com Gustavo Riviera e Chuck Hipolitho dividindo as guitarras e vocais, acompanhados por Zé Mazzei no baixo e Flávio Cavichioli na bateria. Eles se apresentam nesta sexta, dia 11 de maio, no lançamento da IN NEW MUSIC WE TRUST “Ao Vivo”, junto com a multinacional The Tambourines e as curitibanas Hidráulica e Anacrônica, no Porão Rock Club. Os ingressos são limitados e estão a venda na Drum Shop, James Bar e no próprio Porão.
Abaixo confira os Forgotten Boys (junto com suas forgotten girls) no ótimo clip de 5 Mentiras, que faz parte do curta metragem de mesmo nome produzido pela banda.
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