segunda-feira, maio 7

Preview - Novo do Cribs

"Have you noticed i've never been impressed by your friends from New York and London? "

Nem o álbum foi lançado e já vazou na net... Assim já dá pra escrever um preview...
Os Cribs sempre tiveram uma habilidade natural para produzir as mais melódicas músicas dentro do cenário new rock atual. Embora muitas vezes fique difícil escolher as melhores versões dentro de seus caóticos livesets, em seus discos, algumas destas desordens persistíam. Porém, agora neste novo trabalho, podemos perceber que algo mudou, o que era bom ficou melhor, e finalmente os irmãos seguem de uma vez por todas para aos altos patamares do sucesso. Outro fato em torno deste álbum, é que o mundo do rock também aguardava ansiosamente para ver como Alex Kaprano se sairía com o seu novo status de produtor. Seguramente, pode-se dizer que ele conseguiu, com o 'Men's Needs, Women's Needs', acertar na mosca e com uma precisão impressionante. Mas também não era de se esperar nada além de mais um bom trabalho da banda, afinal ninguém aqui imagina que ela mude o seu estilo e vire uma banda folk ou de death metal, nada disso. Não é esse o segredo para ser bem sucedido em uma longa caminhada por vários álbuns. A banda deve sempre manter o seu conceito, a sua raíz, o que o eleva, lógico, é claro, sem fazer as mesmas músicas com letras diferentes. Fazer música nova sem ser um chato. E chatice é o que não temos neste mais novo álbum do trio.
Outro ponto interessante é que não dá para notar qualquer super-produção no álbum (ele é limpo, cru, tem brilho), mas alguns velhos resquício dos Jarmans ainda permanecem, ainda bem.

1. The Cribs - Our Bovine Public (2:22)
É para abrir o álbum mesmo. Eu já tinha escutado e há alguns dias já está em meu pod. É o Cribs em sua forma clássica - é divertida, sarcástica, cuspida (no bom sentido) e ácida, capaz te irritar a ponto de voce subir em um palco e se jogar na platéia, como Mirror Kissers. O que só eles mesmos sabem fazer, música tesão de ouvir.

2. The Cribs - Girls Like Mystery (2:55)
Mais uma que engata no estilo peculiar do Cribs, riffadinha, balada e divertida.

3. The Cribs - Men's Needs (3:22)
Como eu já havia falado aqui, o famoso "whoa oh oh oh" continua. Essa é capaz de botar fogo em qualquer pista. É uma música irônica, expondo, assim como nas letras, as necessidades sexuais masculinas, sem preconceito e doa a quem doer. Inclusive o vídeo dela é meio sarcástico, um trash clip (como voces puderam assistir em um post anterior). Lógico que no original não tem aquelas tarjas pretas sobre o corpo da garota. Enfim, é o bizarro cool. O trabalho sobre as guitarras estão bem melhores e os riffs que acompanham todo o tempo da música grudam na cabeça, assim como o próprio refrão "The fact that man's needs is full of greed". É mais um hino da banda!

4. The Cribs - Moving Pictures (3:16)
Com um estilo Pixies no baixo em meio aos riffs slow-down das guitarras. O vocal é indefectível juntamente com o tão familiar coro 'oh oh oh', causando um efeito interessante. A letra filosofa nas questões dos vazios e da efemeridade social do mundo contemporâneo através de fotografias em movimento. Dá pra notar que está havendo um progresso no lirismo nas músicas do Cribs. Estão agora fazendo nas letras o que sempre fizeram bem musicalmente, é a oportunidade de escutar o que os Jarmans têm para nos dizer, pois por pura falta de pretenção, que não é vista em muitas outras bandas, suas letras nunca foram muito elaboradas, convenhamos.

5. The Cribs - I'm A Realist (3:09)
O lado pop e romântico do Cribs, agora sob influências de Kapranos, talvéz a música com maior influência dele. O romantismo é uma realidade conforme a música e o coro final se torna o prato de entrada para a próxima música...

6. The Cribs - Majors Titling Victory (2:52)
A distorção das guitarras no início faz referência ao punk low-fi muito difundido em meados dos 80 pelos precursores da microfonia e noises distorcidos, o Sonic Youth. É uma música bem guitar, muito bem cadênciada e com breaks de tempos exatos. Lembrou-me muito uma banda que eu ouvia no começo dos 90, o Green Magnet School... Saudades matadas! Valew Cribs!

7. The Cribs - Women's Needs (4:40)
Uma bonita música e progressiva, que através dos vocálicos 'uh...uh...uh...' chega o ápice final preenchido por guitarras distorcidas. Uma coisa que me chamou a atenção foi o desenho do baixo, pesadão, solado, muito bom, novamente influências de Pixies e Sonic Youth presentes, por momentos me lembra muito o 'I Wanna Be Adored' dos Stone Roses. Aliás isso foi o que percebi logo nos primeiros 5 segundos.

8. The Cribs - I've Tried Everything (2:52)
Outra bonita canção, meio baladinha e tendendo para o lado romântico e saudosista da letra. Uma música bem trabalhada que te deixa com a vontade de bater palma enquanto acompanha o seu ritmo balançando a cabeça para os lados, saca?

9. The Cribs - My Life Flashed Before My Eyes (3:36)
Me lembrou muito os riffs de guitarras do Out of Control do YYY's, cai muito bem numa pista. Legal os 'plins' dos sininhos durante a música, são quase imperceptíveis.

10. The Cribs - Be Safe (5:59)
E como eu já falei em Sonic Youth, eis que de repente surge a inconfundível voz de Lee Ranaldo, numa espécie de prece em meio aos mantras gritados: 'be safe!'. Não podería faltar uma música para ouvir e ao mesmo tempo refletir na vida, e nas coisas que passam por ela. É, sem dúvidas, o momento mais sublime do álbum. Simplesmente demais!

11. The Cribs - Ancient History (4:54)
Essa é o tipo de música para se fechar um grande e inesquecível show. Também progressiva, começa lenta e vai ganhando velocidade até terminar com todo mundo gritando junto e se jogando no chão. É uma música nervosa, que só não fecha o álbum porque tem de haver alguma outra que alivie o êxtase após ter ouvido o álbum inteiro. E é o que realmente rola na sequência...

12. The Cribs - Shoot The Poets (3:27)
Agora escutem essa aí e me digam se eu não estava certo...

Finalizando... Em um mundo hoje, onde bandas viram hype antes mesmo de lançar seu primeiro álbum, é muito bom saber que existem pessoas que por anos trabalham duro, aperfeiçoando seus trabalhos, tornando-se melhores no que fazem, perpetuando o certo. E o Cribs se enquadra aqui, seu novo álbum é a magnificação do que eles já fizeram de bom, é perfeito, integralmente antífone e sem largar a essência punk de suas influências.

abs. Carneiro