Dirty Projectors
conheci o dirty projectors no ano passado, quando me aprofundei no que tava rolando no brooklyn, que eu já havia identificado, sacando o inlets, o grizzly bear e, claro, o tv on the radio, como celeiro e ponto de congregação dessa atualidade frutífera e realmente pluralizada. a jerusalém pop da minha geração. mas o fiz não sem um certo atraso, pois a banda acabara de lançar um ep, o 'new attitude', que já era subseqüente a três longs.
david tá no meio desse turbilhão de liberdade que é a vanguarda do brooklyn, constituída toda por pessoas naturais de outros pontos da américa (como o sebastian, do inlets, que é de winsconsin) e que em nova iorque se juntaram, no aconchego dos pequenos apartamentos, modelando, pós arrombamento de todas as portas tecnológicas e 9/11, novos sons. e não só. uma outra pegada juvenil tb (sim, comportamental), que a gente não conhece e, claro, realmente não pode absorver por aqui.
descobri isso só depois, e vocês vão descobrir na terça (dia 11) que um dos álbuns do ano, senão o álbum do ano, rivalizando com os de kes, deerhoof, justice, caribou, os telepatas e thee more shallows, é 'rise above', do projectors _uma experiência XXXXXX (quero encontrar adjetivo 10 vezes mais potente que sublime) exatamente sobre o 'damaged', clássico do black flag que tinha raivoso rollins no vocal, em 81. em 2007, david empenhou sua voz teatral gay em uma reimaginação livre, idílica e quase ficcional do disco.
a história é a seguinte: de férias na cidade natal, ajudando, acho, numa mudança residencial de sua família, ele achou um k7 véio. típico. na fita, seu mui amado e air-imitado na infância 'damaged' tava gravado. não ouviu, teve idéia melhor: pegar um violão e, em um k7 também, registrar 'damaged' de acordo com aquilo que sua memória alcançava. de volta ao brooklyn, juntou a pequena orquestra-banda que o escuda e arranjou os retalhos de melodia e lírica em estúdio.
tem batimentos e velocidades misteriosos, que nos proporcionam diferentes sensações: ora estamos suspensos no ar, ora correndo no mar. além disso, milton nascimento e itamar assumpção, com harmonias típicas, visitam essa festa da memória e das várias fantasias cujo host seria um peter gabriel surtadaço, com colar de flores. todos abençoando à beira da praia a psicodelia ainda não-enciclopediada que é o discaço.
se não bastasse o disco em si, esse paraíso de desenvolvimento artístico e humano brooklyniano permite que a baixista, flautista & vocalista ANGEL e a guitarrista & vocalista AMBER, dois dos três criativos componentes da orquestra do david, sejam duas gatinhas que, meu..., francamente, passar mal. e que devem circular nos milos garages da região. ou seja, é muita coisa. ouvi-las cantando em cada compasso como passarinhos versos tipo "miserable and thirstyyyyyyyy" é insanidade pura.
Myspace: http://myspace.com/dirtyprojectors
por Claudio Szynkier
http://descobrindobandas.zip.net/
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