quinta-feira, setembro 20

New Rave... What?
Ruídos de uma nova tendência



Desde outubro, do ano passado, há um tópico sobre esse assunto, em nossa comunidade no Orkut. Recentemente, colaborei com o Jornal de Comunicação da UFPR, respondendo algumas perguntas sobre isso. A matéria foi feita por Pedro Augusto Souza e você pode ler através desse link.


A Piada

No mesmo tópico, o Vinicius postou a resposta de Simon Taylor-Davis, sobre o fato de ele e o vocalista do Klaxons terem criado o termo, digamos assim... brincando. Eu transcrevo aqui:

Legal a matéria. Nem um pouco aprofundada, mas consegue informar quem não tem nem noção do que se trata.

“A new rave é uma tendência lançada pela New Musical Express (revista inglesa de música) e se vale não só de música, mas também de moda, comportamento e política” (Denis)

Li uma entrevista do Simon Taylor-Davis (dos Klaxons) esses dias, e ele estava dizendo: “(...) inventamos (o termo new rave) como uma piada e, para nós, era muito engraçado. Queríamos criar algo pelo qual a imprensa britânica ficaria excitada. E eles ficaram. Se você vir fotos da turnê (Indie Rave Tour) da NME, na Inglaterra, há milhares de adolescentes vestidos com roupas de neon e segurando glowsticks. É sem dúvida uma subcultura na Inglaterra, (...) que envolve aparência e moda. (...) Em termos de música, (new rave) é aquela atitude das bandas quererem se divertir, eles parecem estar gostando do que fazem. É uma celebração.”

Fonte


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Se quiser expor tua opinião, diga o que acha, através do tópico, clicando aqui. Se preferir continuar lendo, abaixo eu transcrevo todas as perguntas às quais respondi, sobre esse assunto. A quem interessar possa...


Entrevista


Intro

Antes de começarmos, eu procuro esclarecer alguns pontos que considero relevantes.

I

Antes de tudo, ainda é necessário esclarecer que... New Rave é um rótulo. Nasceu, sim, de uma piada entre o vocalista da banda Klaxons e um jornalista da NME.

E, como bem sabemos, a NME há décadas lança tendências que se valem, claro, de música, mas também da moda, comportamento, política, etc. Portanto, é antes de tudo, uma jogada oportunista.

Mas, claro, não precisa ser apenas isso. E, outra, esse revival das raves tem a ver mais com o comportamento do jovem londrino na noite (pistas, luzes, drogas), do que com a música produzida atualmente, nesse segmento, lá.

II

Se o rótulo é aplicado a algumas bandas, o que significa?

De 2005 pra cá, novas bandas surgiram se dizendo o que? "New Rave". "Qual o tipo de som que fazem?", a gente perguntaria, e eles responderiam que "não sei bem, mas tem de ter sirenes, teclados, vários tchu-ru-rus ao fundo, ser frenético, dançante, colorido, etc. Ah, no clipe da música, tem de ter laser, umas colagens toscas, neons e cores vivas, de preferência misturadas. E tudo isso com a gente no fundo azul".

Pra não ficarmos apenas nisso, como se toda essa onda levasse apenas a um arco-íris musical, dá pra dizer que disso tudo pode surgir alguma sonoridade nova que seja bacana, que constitua um estilo ou que apenas influencie muitos outros.

Este último sendo o reflexo mais visível e esperado desse sincretismo musical, que tem pautado o segmento e a música eletrônica, da década de 90 pra cá.

- Sonoramente falando, o que é o new rave?

Um pouco, foi dito acima. Indo além... Primeiro, os formadores de opinião rotulam a sonoridade de algumas bandas, reunindo, seja o que for, pra dar caldo ao rótulo e lançam tal tendência. Claro, eles não são bobos, sabem que há algo maior que está sedimentando tudo isso e, esse algo, ele não precisa ser necessariamente musical. Os elementos em jogo são sutis, na influência que têm uns sobre os outros.

Com isso, reúnem bandas diferentes como New Young Pony Club, Klaxons, Cansei de Ser Sexy e The Sunshine Underground em uma turnê "new rave". Depois, colocam algumas bandas que antes desse rótulo existir pertenciam a outra sonoridade e rótulo, como o Datarock e Hot Chip, e desse pacote começam a dar forma à nova grife, etiqueta, como quiser. Sirva-se.

De início, isso tem mais importância que a própria música e, quem sabe um dia, conseqüentemente a influencie e tal influência seja o mais importante. Não é irônico? Também é, hoje, mais sonho que realidade.

- O new rave é apenas um estilo musical ou transcende a música tornando-se tendência de moda e comportamento?

Não vejo nem nunca vi como um estilo musical e espero estar claro, até aqui, isso. É, como eu já disse, um rótulo. Mas, não tão simples assim, já que ele se constitui de estratégias de uma indústria musical, que também é cultural (há que se lembrar, sempre), a qual se vale da influência que possui pra ditar o comportamento, ao mesmo tempo em que enxerga ele tomando alguma forma. É como se um jornalista (ou produtor, músico, etc.) fosse visionário e oportunista ao mesmo tempo.

E, se quisermos dar mais valor à new rave do que simplesmente o rótulo, digamos que ela tem sim um aspecto histórico bem relevante, que é ser um revival das antigas raves (final dos anos 80). Porém, sobre isso, a gente aqui de tão longe não tem como falar muito bem, afinal, isto deve se apresentar em foco lá, aqui sendo antes uma imagem borrada de tudo.

- As festas new rave em Curitiba e no Brasil apresentam alguma particularidade que as diferenciam daquelas da Europa e Estados Unidos?


Não estou indo às festas de lá, mas não tenho dúvidas de que sim. Até onde sei as festas aqui são só festas aqui. O máximo que se parecerem com as de lá é usarem o rótulo pra se intitularem e, também, tocarem algumas bandas e músicas sob este rótulo.


- Pra você, as festas new rave ainda ganharão mais espaço na cena alternativa ou logo serão substituídas por uma nova tendência?

Você fala da cena alternativa de lá ou daqui? Pois, tenho uma resposta pra cada sentido dessa pergunta.

Se você se refere às festas londrinas, e naquilo que sei por meio de amigos que lá vivem, acredito que tendem a ganhar mais espaço conforme a contenção da polícia diminuir, o espaço na mídia proporcionar e a disposição das pessoas continuar existindo. Nada mais. Mas, aí, estamos falando das raves nas quais eles marcam momentos antes de se encontrarem e tomam espaços abandonados e tudo mais pra se reunirem em meio à música, drogas e o que mais estiver na roda.

Já, por aqui, festas com músicas pra pista, pessoas doidas, drogas e por aí vai, isso tudo sempre rolou, só não tinha lasers. Ou tinha? (rs) Não vejo sentido em pensar as festas raves de Londres, no Brasil, pois o comportamento, a cultura e o momento histórico aqui é outro. Se falarmos então de Curitiba, aí então a distância cresce imensamente.

- Quais os maiores nomes do new rave?

Pelo que temos notado qualquer banda, DJ, artista, dentro de uma lógica mínima, pode se enquadrar no rótulo, já que ele carece de definição. Mas, perceba que a maioria dos citados nunca ficam só na new rave, eles têm sempre outro rótulo que subjaz o som produzido. E, falar naquelas bandas reunidas na tour new rave NME, como representantes do título baseado na sonoridade, aí é brincadeira.

Bom, pra eu não ser tão evasivo, vamos lá. Se há uma mistura de elementos caóticos, como algumas canções do Crystal Castles, pode ser taxado de "new rave", outras dos Plump DJs também, assim como remixes do Lazaro Casanova, ou músicas do Hadouken, To My Boy, etc. Por outro lado, bandas que seriam de disco-punk, também acabam entrando na jogada, como The Author, The KBC e por aí vai.